Zverev vs. Tecnologia: Polêmica em Madrid Escancara Limitações dos Sistemas Eletrônicos
- Wilson Ramos Filho
- 1 de mai.
- 3 min de leitura
A polêmica envolvendo Alexander Zverev no Masters 1000 de Madrid reacendeu um debate essencial sobre o papel da tecnologia nas decisões de arbitragem no tênis. Apesar da evolução das ferramentas eletrônicas de marcação, como o sistema automatizado utilizado para verificar a posição das bolas, ainda há momentos em que a intervenção humana pode ser crucial diante de falhas evidentes.
O episódio de Zverev ilustra bem esse dilema. Durante sua partida contra Alejandro Davidovich Fokina, uma chamada feita pelo sistema eletrônico foi contestada pelo alemão, que alegou um erro flagrante. Sem conseguir convencer o árbitro, ele decidiu fotografar a marca da bola no saibro e compartilhar nas redes sociais com um tom de ironia. Essa atitude rendeu a ele uma advertência por conduta inadequada, mas também trouxe à tona um questionamento válido: se há evidências físicas de que uma bola caiu em local diferente do indicado pela tecnologia, por que o árbitro não pode intervir?
Sabalenka viveu um episódio semelhante, também no saibro. A bielorrussa, indignada com uma marcação duvidosa, fotografou o local da bola após o árbitro se recusar a revisar a decisão, sendo punida com uma violação de código por conduta antidesportiva. Ambos os casos demonstram a crescente insatisfação dos jogadores com a tecnologia de arbitragem, especialmente em superfícies como o saibro, onde as marcas das bolas são visíveis e podem servir como provas concretas.


O paralelo com a icônica semifinal de Roland Garros em 2013 entre Novak Djokovic e Rafael Nadal que vi a reprise na ESPN antes dos jogos do ATP em Madrid, enriquece essa discussão. Naquele duelo memorável, Djokovic protagonizou um lance decisivo no quinto set: ao executar um smash perfeito em uma bola curta de Nadal, desequilibrou-se e tocou na rede. No entanto, ele alegou que a bola já havia quicado duas vezes no saibro antes do contato com a rede, o que, segundo sua interpretação, validaria o ponto a seu favor. A arbitragem, seguindo a regra tradicional, considerou o toque na rede como uma infração, independente do contexto da jogada, atribuindo o ponto a Nadal.
Se considerarmos o avanço das tecnologias esportivas, podemos imaginar como a arbitragem poderia ter sido diferente. O caso de Zverev escancara as limitações da tecnologia no saibro, enquanto o de Djokovic ilustra como a falta de ferramentas mais sofisticadas impediu uma avaliação contextual do lance. Se existisse um sistema capaz de analisar não apenas o toque na rede, mas o momento exato em que a bola quicou pela segunda vez, será que o ponto teria sido reavaliado?
Essa comparação ressalta a necessidade de um equilíbrio entre tecnologia e julgamento humano no tênis. O avanço tecnológico é fundamental para minimizar erros, mas situações específicas – como uma bola deixando uma marca visível no saibro ou um atleta tocando na rede após o ponto teoricamente ter sido decidido – indicam que árbitros de cadeira e árbitros gerais deveriam ter mais autonomia para reavaliar certas decisões.
Com Roland Garros se aproximando, a expectativa é que a organização do torneio considere essas questões, seja o pioneiro e já busque soluções que tornem o sistema de arbitragem mais justo e confiável. Afinal, o que está em jogo é a integridade do esporte e o respeito aos seus atletas. Estamos atentos e torcendo para que o tênis siga evoluindo com boa conduta e precisão.
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